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A história do PETRÓLEO em Campos
dos Goytacazes começou em Boa Vista, localidade vizinha à Farol
de São Thomé e teve o seu início em 18 de março de 1918, quando
o Coronel Olavo Alves Saldanha, gaúcho, que havia sido prefeito
nos períodos 1904-1905 e 1907-1908 em Quaraí, no Rio Grande do
Sul, adquire a Fazenda Boa Vista com 2.263 alqueires, da Sra.
Benedita Brasilina Pinheiro Machado, viúva de seu amigo e também
gaúcho, General José Gomes Pinheiro Machado, por 1.200 contos de
réis de porteira fechada.
No patrimônio da fazenda
constavam 9.000 bois, 700 carneiros e 30 cavalos.
Quando ainda era o proprietário
da Fazenda, o General Pinheiro Machado, em 11 de fevereiro de
1913, recebeu o então Presidente do Brasil, Marechal Hermes da
Fonseca, para uma caçada. Ambos percorreram os campos da Boa
Vista, do Xexé até a Barra do Furado. Os limites da propriedade
iam do lado direito da Barra do Açu, até a Barra do Furado.
Podemos dizer então, que todo o litoral campista pertencia à
Fazenda Boa Vista.
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Coronel Olavo Alves
Saldanha
(Nasceu em 1864 e faleceu em 1927)
Pioneiro na prospecção de petróleo em Campos dos Goytacazes
(RJ).
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga) |
Fazenda Boa Vista (1910) -
Campos dos Goytacazes - RJ
A Fazenda Boa Vista quando o Senador Pinheiro Machado ainda era
o proprietário
(Foto: www.ibamendes.com)
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Após a morte do General e Senador da República, Pinheiro
Machado, que foi assassinado com uma punhalada pelas costas por
Manso de Paiva, às 16h30 de 8 de setembro de 1915, no saguão do
Hotel dos Estrangeiros, no Flamengo (Rio de Janeiro), Olavo vem
a Campos visitar a a Sra Benedita e conheceu então a Fazenda Boa
Vista. Olavo gostou tanto do lugar, que por este motivo a viúva
optou por vender a propriedade a ele.
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General José Gomes
Pinheiro Machado
(08/05/1851-08/09/1915) |
Fazenda Boa Vista (1920)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga) |
Para administrar a Fazenda, Olavo
Saldanha mandou vir do Rio Grande do Sul, um homem de sua confiança, o
gaúcho Euclides Pinto de Oliveira (1890-1986), pagando-lhe mensalmente 300
mil réis.
Foi ele, Euclides Pinto de
Oliveira, Quido Pinto (como gostava de ser chamado), que se tornou um
fazendeiro na região, a contar a um extinto jornal campista em 1982, como
foi o
pioneirismo em prospecção de
petróleo em Campos. |
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O poço petrolífero pioneiro na Fazenda Boa Vista (1922)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga)
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O ano de 1922 ficou marcado no
Brasil porque aconteceu, em São Paulo, a Semana de Arte Moderna,
também chamada de Semana de 22,
nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro, no Teatro Municipal.
Cada dia da semana foi dedicado a
um tema: pintura e escultura, poesia, literatura e música.
Em Campos dos Goytacazes, este ano também se tornou histórico.
Após detectar os primeiros sinais
da existência de petróleo, Olavo Saldanha se associou ao então poderosíssimo
Grupo Henrique Laje para realizar
as primeiras sondagens na prospecção de petróleo.
- "Eu vi - revela Quido Pinto - as bolinhas de barro, tiradas do
poço aberto por Olavo Saldanha e Henrique Laje,
pegarem fogo quando se acendia um
fósforo e soltarem um cheiro que mais parecia querosene!"
Quido, declarou que o seu antigo patrão, Olavo Saldanha, "era um
homem de muita leitura e de boa cabeça".
Foi o primeiro a procurar
petróleo no município de Campos.
-" Na fazenda Boa Vista havia uma vala que estava sempre com uma
água oleosa e que,
volta e meia, pegava fogo.
Naquela época, falava-se muito em petróleo no Brasil e o velho Olavo era
curioso e lia tudo sobre o assunto. Um dia, ele chegou para mim
e disse que ia perfurar o local. Mandou construir um tripé, onde
descia uma caçamba, pegou um trator para puxar a caçamba e começou o
trabalho."
-" Eu era jovem - prosseguiu - mas me lembro que, do barro que
vinha na caçamba,
ele fazia umas bolinhas que
botava para secar no sol.
Quando elas estavam bem secas,
ele riscava um fósforo e elas pegavam fogo rápido.
Depois saia uma fumaça e vinha,
então um cheiro de querosene.
Ele dizia que secava o excesso da
água e que ficava no barro apenas o resíduo inflamável."
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Técnicos, engenheiros e geólogos
do Grupo Henrique Laje, vestidos com ternos de linho branco e sapato social,
inspecionando os trabalhos na base da plataforma.
O detalhe maior é a
característica da tubulação utilizada: cano flexível corrugado.
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O poço petrolífero
pioneiro na Fazenda Boa Vista (1922)
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: acervo particular do Dr. Serafim Saldanha Braga) |
"Um ano depois - prossegue Quido -
desanimado com o engenho que armou para perfurar o poço, ele foi
ao Rio de Janeiro onde teve uma conversa com Henrique Laje.
Semanas depois, chegou na fazenda um americano de nome Whikman,
que examinou o local, as bolinhas de barro e, por carta,
autorizou Henrique Laje a mandar a máquina de perfurar (foto
acima). Alguns dias depois aquele trambolho enorme chegou pelo
trem e, com carretas puxadas por bois, trouxemos ela de Santo
Amaro até a fazenda".
- "A máquina levou alguns dias para ser montada pelo americano.
Ela foi colocada num terreno de fronte à casa grande da fazenda e, perfurava
por percussão, com o bate-estaca utilizado por essas construtoras de
edifícios. Henrique Laje só veio uma vez à fazenda, quando ela começou a
funcionar. Ela levou mais de um ano trabalhando e, à medida que a terra ia
sendo retirada, as esperanças de se encontrar petróleo iam morrendo. Até que
um dia houve a explosão do cano em que trabalhava a perfuradora. A peça
empenou e, depois de perfurar pouco mais de 200 metros, os trabalhos foram
interrompidos".
- "De lá para cá - finalizou - o velho Olavo se desentendeu com
Henrique Laje e não mais chegaram a um acordo. Henrique queria comprar a
fazenda do velho Olavo e este não concordou. Chegaram a falar em
arrendamento, mas seu Olavo disse que só aceitava se ele ficasse com
maioria. Depois disso, o velho adoeceu, morreu e o americano nunca mais
voltou ao lugar".
Com estes fatos, em Campos, podemos dizer que a existência de
petróleo sempre foi uma esperança ou mesmo certeza, acalentada pelos
antigos. A afirmação de que Campos possuia petróleo, com vasto manancial,
aconteceu anos mais tarde, quando o geólogo Alberto Ribeiro Lamego, com base
em estudos e pesquisas, afirma a existência do chamado "ouro negro" no
sub-solo campista.
Os anos foram passando e muitas histórias surgiram: algumas
lendas e fatos comprobatórios de que a Fazenda Boa Vista e o Xexé eram
fecundos reservatórios de petróleo. Também no Morro do Querosene, inclusive
no bairro do Turfe Clube e na vizinha cidade de São João da Barra, foram
encontrados vestígios de petróleo. Conta-se a estória da descoberta em
terras sanjoanenses e campistas de um óleo negro que pegava fogo e durava
horas completamente aceso. E o teatrólogo Gastão Machado teve casas
superlotadas em seu antigo Teatro Floriano, ao anunciar a revista "Tem
Petróleo no Turfe".
No Xexé foram realizadas diversas pesquisas, além dos trabalhos
realizados no oceano em Atafona (São João da Barra) e no Farol de São Thomé.
Ainda com relação às explorações realizadas em Xexé é bom que se
diga que os trabalhos foram demorados e promissores sem, contudo, ser
divulgado oficialmente o motivo da sua paralização.
E O PETRÓLEO JORROU!
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A Revista Manchete em sua edição nº 1.183 de 21 de dezembro de 1974,
publicou uma extensa reportagem sobre a descoberta do petróleo em Campos, e
aqui estão alguns trechos desta matéria.
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A
versão brasileira do Eldorado já não é mais a lendária "Lagoa Dourada", em
cujas margens habitavam índios ornamentados
de
ouro e que chegou a atrair o famoso explorador inglês Fawcett à selva
amazônica em busca da Cidade Perdida.
O moderno Eldorado brasileiro está a pouco mais de 200 km do
Rio, diante da cidade de Campos - à qual se chega pela moderníssima BR-101 -
e é o poço da Petrobrás 1-RJS-9A, que poderá dar ao país a cobiçada
auto-suficiência em petróleo.
Está
a uns 80 km do litoral campista, numa posição bastante precisa:
40
graus, 06 minutos, 25 segundos de latitude oeste e 22 graus, 13 minutos e
46,6 segundos de longitude sul.
Foi
aí que jorrou o petróleo que devolveu Campos às manchetes dos jornais.
No bairro de Guarús, ao qual se chega atravessando uma das três
pontes sobre o largo rio Paraíba, ( a quarta ponte, que é metálica, serve
apenas aos trens da Leopoldina), a alegria explode em muitas garrafas de
champanha na casa do diligente
Prefeito José Carlos Vieira Barbosa.
Cercado de sua família, o prefeito de Campos exibe a mão coberta de petróleo
do campo de Garoupa, enquanto uma amostra
do
combustível passa de mãos em mãos, como se fosse uma relíquia.
Uma banca de jornais na Rua Treze exibe duas enormes manchetes
do Monitor Campista, com 140 anos de vida,
o
terceiro jornal mais antigo do país: É o Ciclo do Petróleo! É a Redenção do
Brasil!
No jornal A Notícia, na Sete de Setembro, seu diretor, Hervé
Salgado Rodrigues, diz com muito orgulho que foi um dos seus repórteres que
deu o furo da descoberta do campo de Garoupa: "Em novembro de 1973,
publicamos as declarações do mergulhador francês Jean-Pierre que já mostrava
a existência de petróleo em frente ao litoral de Campos. Também o técnico
Murray Lida nos disse, na mesma ocasião, que eram promissoras as
perspectivas do campo de Garoupa.
Fomos os primeiros a noticiar isso em todo o Brasil."
Nunca, desde a visita de Pedro II, em 1883, o orgulho campista
esteve tão alto.
Para
eles o descobrimento do petróleo não chega a ser novidade. "O que mais nos
surpreende é a extensão das reservas em processo de demarcação", disse a
Manchete o professor Yvan Senra Pessanha, historiador campista.
"Desde o século passado se sabia da existência do petróleo em
Campos.
Nosso folclore está cheio de histórias de assombração que falam do fogo
andante na região do Imbé.
Em
1900, Júlio Feydit, com seu Subsídios Para a História dos Campos dos
Goytacazes, revelou a presença do petróleo na região da Fazenda Boa Vista. E
nosso importante geólogo Alberto Lamego Filho, em seu livro O Homem e a
Restinga, ofereceu grande quantidade de evidências sobre a matéria. Mais
tarde em 1944, o mesmo Lamego Filho ampliaria suas revelações com o livro A
Bacia de Campos na Geologia Litorânea do Petróleo."
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Em
1974, é descoberto petróleo na Bacia de Campos dos Goytacazes (RJ), no Campo
de Garoupa. Em 1975, o governo federal autoriza a assinatura de contratos de
serviços com cláusula de risco, o que permitiu a participação de empresas
privadas na exploração.
Por este contrato, as empresas investiam em exploração e, caso
tivessem sucesso, receberiam os investimentos realizados e um prêmio em
petróleo ou em dinheiro, mas a produção seria operada pela Petrobras. Houve
apenas uma pequena descoberta na Bacia de Santos com a aplicação deste tipo
de contrato. Em 1977, entra em operação o Campo de Enchova, o primeiro a
produzir na Bacia de Campos, com a utilização do Sistema de Produção
Antecipada. Pela primeira vez produz-se no Brasil a 120 metros de lâmina d’água.
No final do anos 70, essa era considerada uma grande profundidade.
(Texto: blog.planalto.gov.br/)
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1974/1975/1977
O INÍCIO DA PRODUÇÃO
Plataforma Sedco 135-D
Bacia de Campos dos Goytacazes - RJ
Esta foi a primeira plataforma a produzir no Campo de Enchova.
(Foto: blog.planalto.gov.br/)
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E AGORA TEMOS O PRÉ-SAL
Uma das maiores descobertas dos últimos anos. São estimados 8
bilhões de barris de petróleo numa faixa de 800 km de extensão.
Navio-plataforma P-34
Bacia de Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: blog.planalto.gov.br)
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Em 2 de setembro de 2008, o navio-plataforma P-34 extraiu o primeiro óleo da
camada Pré-Sal,
no Campo de Jubarte, na Bacia de Campos (RJ).
Em 1o. de maio de 2009, deu-se início à produção de petróleo
na descoberta de Tupi, por meio do Teste de
Longa Duração (TLD).
O pré-sal é conceituado como uma porção do subsolo que se
encontra sob uma camada de sal situada alguns quilômetros abaixo do leito do
mar. Formada há 150 milhões de anos, a camada possui grandes reservatórios
de óleo leve, que possui melhor qualidade e produz petróleo mais fino. As
rochas do pré-sal têm extensão de 800 quilômetros do litoral brasileiro,
desde Santa Catarina até o Espírito Santo, e atingem até 200 quilômetros de
largura.
(http://www.canalvg.com.br/) |
AS RUÍNAS
Infelizmente com o abandono do suntuoso sobrado/sede da Fazenda
Boa Vista, ocorreram invasões para furtar, não só o mobiliário que havia em
seu interior, mas como também para retirar toda a madeira (de excelente
qualidade) de sua estrutura. Numa dessas sorrateiras empreitadas, o pior
aconteceu: alguém na calada da noite, para visualizar melhor o seu interior,
causou um incêndio que consumiu o sobrado. E de sua estrutura, restou ainda
erguida, uma pequena torre.
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Ruínas da Fazenda Boa Vista (11/04/2012) -
Campos dos Goytacazes - RJ
(Foto: Dr. Serafim Saldanha Braga)
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NOTA: A história do petróleo no Brasil
se iniciou, em 1858, quando o Marquês de Olinda concedeu a José
de Barros Pimentel o direito de extrair betume em terrenos
situados nas margens do rio Maraú, na Bahia.
Em 1892, na cidade de Bofete no estado de São Paulo, ocorre a
primeira sondagem profunda no Brasil. O poço, perfurado por
Eugênio Ferreira de Camargo, abrange 488 metros de profundidade.
Todavia, é encontrada apenas água sulfurosa.
As fotos e textos postados nesta matéria, pertencem ao acervo
familiar e foram fornecidos gentilmente pelo médico veterinário
Dr. Serafim Saldanha Braga, bisneto do Coronel Olavo Alves
Saldanha,
ao blog Campos Fotos (camposfotos.blogspot.com.br).
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Dr. Serafim Saldanha Braga
Fonte:www.praiafaroldesaothome.com.br
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Bacia de Campos
A Bacia de Campos é uma
bacia sedimentar brasileira situada na costa norte do estado do
Rio de Janeiro, estendendo-se até o sul do estado do Espírito
Santo, entre os paralelos 21 e 23 sul. Possui aproximadamente
100 mil quilômetros quadrados. Seu limite, ao sul, com a Bacia
de Santos ocorre no Alto de Cabo Frio; ao norte, com a Bacia do
Espírito Santo, ocorre no Alto de Vitória. Seu nome foi dado
pelo geólogo Alberto Ribeiro Lamego e deriva do nome de seu
descobridor, com um teatro na instalação da Petrobras em
Imbetiba em Macaé-RJ em sua homenagem - Principal sede de
instalações da PETROBRAS na Bacia de Campos. Em terra ela ainda
ocorre nos municípios de Campos dos Goytacases, São João da
Barra, Quissamã, Carapebus, além da região sul do Estado do
Espírito Santo.
A Bacia de Campos é a maior província petrolífera do Brasil,
responsável por mais de 80% da produção nacional de petróleo,
além de possuir as maiores reservas provadas já identificadas e
classificadas no Brasil.
Exploração
Descoberta a Bacia de
Campos, localizada na costa norte do estado do Rio de Janeiro,
estendendo-se até o sul de Espírito Santo. Com aproximadamente
100 mil quilômetros quadrados, essa passa a ser a maior
província petrolífera do Brasil, responsável por mais de 80% da
produção nacional do petróleo. A exploração comercial iniciou em
1977, no campo de Enchova, com uma produção de 10 mil barris por
dia em uma plataforma flutuante.
As primeiras plataformas utilizadas eram do tipo fixa, com
jaquetas fixadas no fundo do mar.
Na medida em que a exploração
alcançou lâminas d'água mais profundas, foram desenvolvidos
outros conceitos
de unidades de produção flutuantes, como os FPSOs e as SS.
Hoje existem 55 campos, desde o sul do Espírito Santo, como
Cachalote e Jubarte, até a região de Cabo Frio, que extraem
cerca de 1,49 milhão de barris de óleo e 22 milhões de metros
cúbicos de gás por dia. Os maiores campos são os campos gigantes
de Marlim, Marlim Sul e Roncador localizados em Macaé - RJ.
Operam na região 45 plataformas marítimas das quais 41 de
produção e quatro de processamento de petróleo que pertence a
cidade de Macaé, conhecida como a capital brasileira do
petróleo.
Origem: Wikipédia
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POUSADA
CARLITO'S
TELS.: (22) 2747-1249 /
9983-9800 / 9288-0688
RUA BARCELOS MARTINS 21
FAROL DE
SÃO THOMÉ -
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
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RESERVADOS
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